Inspirações de Jorge


Pra todos que a observam, ela parece viver bem...
Tão bem, que dizer bem até parece pouco. Sua tríade favorita?
Ler, escrever e ouvir Chico... Ah! Quão bela seria se não fossem suas máscaras!
Todos saúdam teus escritos; principalmente eu, um homem como outro qualquer, que
aos domingos, acorda com o sol, toma um café bem doce (maldito costume desde o ventre de mamãe) e observa os pássaros...
Ponto. Não estou a escrever sobre minha ininterrupta vida.
Continuando...
Apesar de fascinar-me o que por meio de letras emana de seus rascunhos, falta-me a prosa... afinal, é da graça do contato que me afirmo!Gostaria de entendê-la, porém, como já devem ter percebido, não me dá espaço para tal feito.
Assim, chafurdice em sua calmaria, trazendo para si, tempestades próprias...
Parece acreditar que tudo o que toca, ou passa por seu cotidiano, se desvai.. quando na realidade, eu grito em pensamentos com a esperança de fazê-la ouvir, que quem por seu caminho passa, é deveras abençoado de imediato.
Talvez, ninguém a ensinou que quando não temos o que queremos ou queríamos (quase sempre), nos resta saborear o modo único como aquilo se dá...
Talvez não a ensinaram...
Acredito nesta hipótese... faço-me acreditar...
Tive a sorte de ler algumas de suas sintaxes, além de contemplar recortes de tua imagem na capa de raríssimas publicações.
Percebi que a cada passo que meneia, fertiliza poesias, não apenas juntando palavras...
sim expressando-as além do que poderiam audaciosamente dizer.
A máscara de maturidade e felicidade instantânea, como a que se produz com piadas, me causa certo torpor. Ela sempre coloca tal máscara quando perto de muitas pessoas. Certa vez, em uma estréia teatral, a encontrei envolta neste esconderijo. Meu olhar ignorou os seus imediatamente após encontrá-los.
Talvez por isso, me despreze tanto!
Estou certo que percebe meus desvios calculados vez ou outra.
Porém as terças, a observo à vontade, pois ela sempre fica só, naquele lado esquerdo da praça, sentada no banco de um verde oliva desbotado com papéis e um lápis nas mãos...
Neste lugar mágico, Clarisse é simplesmente Clarisse!
Como me fascina seu lado infantil... aquela graça de criança maravilhada com a beleza das coisas! Fica em silêncio, mesmo assim é gritante sua inspiração, musicalidade, cadências e compassos contidos por um banco.
O pulsar de seu coração, inacreditavelmente bombeia meu sangue desde o dia em que a percebi como singular. Nomeei tal incentivador de fluxos sanguíneos como “batuque de minha existência” e não posso mais viver sem ele; isso me parece óbvio e científico até.
Alentos e desalentos, caminhos e descaminhos... e tudo o que há entre esses pólos me faz sublime... dei-me por conta que gosto dos desvarios que me imponho.
As colisões são a apoteose dos embates, afinal, é confrontando que crescemos... a vida é a arte do encontro, já dizia o Vinícius... é a melhor ponte, eu acho.
Deste modo, vagueio com minhas portas abertas, e arqueiros alertas nas torres...
Quando volto para o meu corpo, que a segundos atrás estava absorto em histórias e situações imaginadas, é claro, percebo que Clarisse bate o vestido com delicadeza...
quando tem certeza de que não lhe sobrou pó, prende os cabelos antes revoltos e põe novamente sua máscara...
Como não está ao meu alcance impedi-la, ela se vai... e eu acato.

6 comentários:

  1. Clarisse
    Certa vez me disse
    Que não bulisse
    Com tudo isso
    Mas retruquei que sempre atiço
    É vício
    Convidar ao precipício
    Poetas
    E musas
    Rimas modestas
    Ou baladas profundas
    Prosas fecundas
    Com esta
    Que desembesta
    Tal qual uma pequena fresta
    Que alargamos
    E vira abismo
    Tão cheio de lirismo
    Que ou nos danamos
    Ou voamos
    Fazendo festa...

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  2. Tem certeza que seu nome é Jhê e não Jorge? Sério, pode me dizer, eu não vou espalhar se vc disser que andou publicando o que o seu alter ego escreveu, rs. Me convenceu e comoveu, menina Jhê, adorei.

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  3. Reverencio!
    Belo!

    Proposta indecente lá no nosso blog querida, tenho certeza que você seria perfeita!

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Conta pra mim, não conto pra ninguém...