No mundo das cordas...


Às nove e meia da manhã seu telefone começa a tocar.
Assim era a rotina de Viktor... afinal naquele mundo underground ele era o “oitavo pecado”.
Tietes à parte, tinha tudo o que queria: uma vida bem sucedida, amigos à sua volta, cigarros, cervejas, e incessantes copos de café à sua espera.
Por um bom tempo, ela o observou... as vezes sentia inveja de sua rotina, outras, desprezo.
Viktor conseguia praticamente tudo o que almejava... garotas para ele eram fáceis, não por sua beleza incomum, aliás, nem tão atraente era. Porém tinha o seu jeito de persuadir, e no final as metas ou mulheres eram atingidas.
Ele se alimentava de seu próprio ego.
Deixou quem o amava... e sua ganância por poder e reconhecimento, escondidas em um rótulo que exibia “alegria e personalidade”, crescia a cada dia...
Como ela queria entender ou desmistificar o que passava por sua cabeça...
A cada copo de cerveja, engolia sem perceber a sua moral e ética... depois de cada trago de cigarro, soltava todas as qualidades que antes o faziam ser normal, assim, vagavam pelos ares o único bem que na verdade ainda possuía... ainda... agora não mais...
E então, tudo um dia se acabou.
Os amigos, cansados da mentira que viviam quando com ele estavam se foram. O grande amor que poderia ter sido seu até que a morte os separasse, hoje está feliz com um outro alguém.
Sua fama momentânea, desapareceu acompanhada das ligações antes consecutivas dia após dia...
Sua cerveja foi perdendo o sabor...
Ao pôr o cigarro na boca e tragar cada vez com mais afinco, sentia que era em vão.
Além do mais, a fumaça que saía era negra... suja e inconsistente como toda sua vida fora.
A casa continuava a mesma, porém sem vozes... o único som que escutava era o de sua respiração.
Não adiantava mais chorar... correr atrás era impossível.
Às vezes é tarde quando nos damos conta de como pequenos atos se transformam em grandes mudanças, que movem o nosso destino ao lugar que quer sem rodeios... sem medo de nos ferir...
Neste exato momento em que estás a ler a pobre sorte desse homem... ele está no chão... com os braços entrelaçados nos joelhos indo de encontro ao seu peito, cercado de cordas, e suas únicas companheiras as guitarras e aquele violão que ela faz questão de tocar sozinha...
“Seus gritos eram apenas sussurros...”

3 comentários:

  1. tudo nessa vida passa mesmo, e aaaai de quem nao saiba aproveitar os bons momentos na contruçao de melhores!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. No mundo das cordas
    Acordas
    Há cordas
    Concordas
    Mas as bordas
    Caso mordas
    Abordas
    Diz a cor das coisas
    Discordas
    Antes gordas
    Podas
    Podres...

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Conta pra mim, não conto pra ninguém...