Hoje.
Maria está triste apesar de parecer feliz.
Maria não vive como outrora.
Maria prometeu nunca mais pensar no passado ou no que poderia ter sido.
Maria só segue em frente.
Engraçado, que o hobby de Maria era planejar.
Maria não planeja mais nada.
Se planeja é sem querer.
Ou dá certo ou dá errado.
Ou dá na mesma.
Maria já não assiste séries.
Maria tomou pavor de seriados.
Maria nem canta mais aquelas musiquinhas de abertura.
Maria não vai mais ao cinema quase toda semana.
Maria nem sente mais vontade de ir.
Hoje.
Maria se diverte de outra forma.
E se veste também.
Outra forma.
Outra fôrma.
Maria teve que matar duas baratas sozinha.
Sim, duas. Ao mesmo tempo.
Maria nunca faria isso, mas precisou fazer.
Era Maria, a casa e as duas baratas.
Ao mesmo tempo.
Maria teve um sonho esquisito.
Esse sonho de Maria a fez pensar.
Acontecido do dia, mais o sonho de Maria, a fizeram pensar.
Sonho e acontecido na ordem.
Quando as coisas acontecem com Maria, é sempre ao mesmo tempo.
Como as duas baratas.
Maria se arrependeu mais uma vez.
Pior, Maria se lembrou mais uma vez.
Maria tinha prometido nunca mais pensar no passado ou no que poderia ter sido.
Maria se sente mal por isso.
Mas não é culpa de Maria.
Maria sabe que tem culpa.
Maria foi proibida de puxar assunto de novo.
Mas lembrança...
Lembrança não tem culpa de vir nos momentos mais improváveis.
Incabíveis.
E Maria acha incabível ter lembranças.
Maria se culpa por não ter culpa.
Maria detesta a ideia de ter despertado mágoa, raiva ou qualquer sentimento ruim ou piedoso em alguém.
Maria só queria experimentar a vida.
Maria achava que morava em uma gaiola de afeto, cuidado e emoções.
Maria fugiu e jogou a chave fora.
Hoje.
Maria chora.
Agora.
Maria chora.
Maria também ri.
Maria se diverte de outra forma.
Mas quando ninguém vê, Maria chora.
Chora e engole o choro.
Mata a sede com o choro.
Perde a fome com o choro.
Anda pela casa escura e silenciosa secando o choro.
Mas mesmo assim, Maria tenta.
Maria gosta de tentar.
Maria só não gosta de pensar até quando.
Hoje.
Maria está pela metade.
Menininha linda, cheia de estrelas e encantos: conte seus contos, chore seus prantos. Ria seus risos e dance ao som de seu canto.
ResponderExcluirMas não dê ao passado direitos sobre o presente, nem tente controlar o rio da memória: ele flui, e deve sempre fluir...
Te amo. Tô longe, mas tô aqui.
Bjs mil!
Parabens! A muito tempo que eu não lia uma prosa. Me lembrei das minhas próprias, mas que, de fato, não são semelhantes. Na veradade, me recordei mais do Smeagol, talvez mais pelo monólogo do que pela melancolia.
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